A Bi

O crescimento da Bi não é tão visível como o do Miguel. Ela já bate palminhas há muito tempo, já corre este mundo todo e as suas primeiras palavras já fazem parte da nossa memória. Para nos apercebermos do crescimento da Bi, temos que nos sentar a conversar com ela durante longos minutos. Mas atenção: nessa conversa não podemos dirigir-nos a ela como a uma criança, senão ela responde da mesma moeda e fala como um bebé, repetindo sílabas e manda-nos dar uma grande volta. Para se conversar com a Bi, temos de falar como se fala com uma amiga numa esplanada num sábado ameno. Conversar, partilhar e não esperar nada. Aí, sim, a Bi mostra todas as nuances, todas as subtilezas do seu crescimento...mostra-nos que renasce todos os dias e que apesar de ser ainda uma menina, tem o coração de uma mulher muito senhora do seu nariz e muito sensível. A Bi é a pessoa com quem gosto mais de conversar porque supreendo-me sempre. É uma menina muito inteligente e não estou a falar daquela inteligência para o raciocínio lógico, estou a referir-me à inteligência das emoções, da forma como as identifica e como as gere. Muitas vezes, quando está a berrar e muito irritada, é supreendente vê-la parar; respirar fundo e contar até dez. Outras vezes, ela dá palavras a sentimentos que para mim são dificeis de exprimir, como este exemplo: "Oh mãe, o Rafa deixa-te nervosa, não é?" referindo-se a um rapaz que me perturba porque destabiliza o ambiente à sua volta e gosta de fazer mal às outras crianças (incluindo o Miguel). Por isso, não há nada de diferente, nenhuma habilidade nova...a Bi é sempre a mesma: renova-se todos os dias!